No mundo da Fórmula 1, a diferença entre o primeiro e o quarto lugar é uma questão de segundos. No dia 31 de agosto, Isack Hadjar, da Racing Bulls, conquistou o terceiro lugar no Grande Prêmio da Holanda. Foi o primeiro pódio da equipe desde 2021 e o primeiro da carreira de Hadjar. Após 98 minutos de corrida, o carro cruzou a linha de chegada apenas 3,233 segundos depois do vencedor, Oscar Piastri, da McLaren. Se Hadjar tivesse sido 2,5 segundos mais lento, teria ficado de fora do pódio.

O mundo de Talia Hovsepian gira em torno desses números. Como estudante de ciência de dados da equipe Racing Bulls, seu trabalho é otimizar. Quais partes do carro podem ser tornadas mais leves? A distribuição da força descendente pode ser melhorada?

"Há um sensor específico em nosso carro que queremos substituir porque pesa cerca de um quilo, o que não parece muito, mas na perspectiva geral do carro, isso representa cerca de três décimos de segundo por volta", diz Hovsepian. "As posições de um a cinco podem ser separadas por dois décimos de segundo, então isso é importante para nós. Como podemos obter as medições que esse sensor nos daria com base em todos os outros sensores que temos? Podemos construir um modelo que nos forneça essas medições em vez de precisarmos de um sensor específico para isso?"

No início deste ano, Hovsepian concluiu seu segundo ano como estudante de matemática aplicada e estatística na Universidade Johns Hopkins. Como membro da Blue Jay Racing, ela adquiriu alguma experiência em design de veículos off-road.

Agora, ela está tirando um ano sabático na Inglaterra para trabalhar como estagiária na Racing Bulls, uma equipe conhecida por seus jovens pilotos promissores. Outras áreas da equipe, como a de desempenho aerodinâmico, procuram os cientistas de dados com um problema ou ideia, na esperança de que a solução esteja nos números.

"É quase como uma aula orientada a projetos, onde você tem acesso ilimitado ao professor porque ele senta bem ao seu lado o dia todo", diz Hovsepian. "Mas, ao mesmo tempo, eles confiam em mim para realizar projetos do mesmo nível que qualquer outro membro do grupo."

Nos dias de corrida, Hovsepian e os outros estagiários se instalam na sala de operações. Embora seus fones de ouvido consigam captar os rádios das outras equipes, Hovsepian passa a maior parte da corrida focada no piloto da Racing Bulls. Às vezes, a corrida termina sem que ela sequer saiba quem venceu. Depois de trabalhar tanto no carro, o sucesso da equipe é o sucesso dela.

"Eu tenho uma contribuição direta", diz ela. "Saber que o carro é dois décimos de segundo mais rápido graças ao meu trabalho é realmente emocionante para mim."

Hovsepian retornará a Hopkins assim que seu estágio terminar em junho. Enquanto isso, ela está vivendo o sonho de qualquer fã de automobilismo.

"São todas coisas que eu via na TV e das quais agora posso participar", diz Hovsepian. "Na entrada do nosso escritório está o carro do ano passado, então todo dia eu chego e vejo um carro de Fórmula 1 e penso: 'Nossa! Eu realmente trabalho para essa equipe!'"